sábado, 12 de maio de 2007

Mentiras Quase Inocentes





Todos os dias aquele sorriso
Uma circunstância feliz
O que faz apetecer chegar
Envolver o corpo
Deixar-se ir

E o consumo acelerado diário
Algo esquecido para a noite serena
Algo paira no ar
Mas não apetece saber
Sabe bem o beijo ardente

Lá fora um pouco de frio
O pensamento posto noutro lugar
A vida numa encruzilhada
Mas o sorriso permanece
Apesar do medo latente da descoberta

E o pequeno pormenor
Aquela vez em que virou a boca
Em que os olhos cruzaram o nada
Algo ficou a pairar no ar
Mas o sorriso permanece

E um dia chega mais tarde
Com um ramo de rosas viçosas
A festejar algo
Uma surpresa agradável
E o medo a aumentar sem fim

E um dia ela não aparece
E algo acontece
Um carrossel de sentimentos a pairar
Desce à Terra para saciar a carne
Mesmo que tudo seja fantasia

E um dia o sorriso vai-se
O amor fica por fazer
E a mentira latente impede o diálogo
Apenas a lamentação fica
De o hábito poder deixar de ser

E nenhum dia mais
Ver aquele sorriso meigo
A cegueira que dominou o corpo
Os pormenores que trocaram de sitio
Sem aviso, sem atenção

E ela foi-se embora
Nem houve lugar para pensar
E ele nunca percebeu o porquê
De uma história de pequenos capítulos
Preenchidos com ternura, alguma atenção, imaginação

E as vezes do dizer do amor
Apenas para silenciar a dor
Foram-se embora
Ficando a justa provação
Mas o sorriso encantador...


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