quinta-feira, 13 de março de 2008

010 A(braços)




As lágrimas que me caem pelo rosto, seriam de amor, de dor, ou talvez do Inverno, mesmo sem chover e estar um calor agradável. As lágrimas são amargas, de solidão, por não ter quem por aqui abraçar, por não ter um Deus em quem poder acreditar, em sentir que Jesus só está no coração crucificado dos que se arrastam pelo mundo. Sinto a falta do Natal, da simplicidade de cada gesto, da verdade em cada olhar, do amor em cada gesto puro.

Não quero mensagens de conforto, a alma sinto-a imortal, o corpo apenas em lenta decomposição, sem que a juventude a aproveite da melhor forma, em braços, abraços de longa saudade, reformada, por um qualquer tesouro que nos tenha junto de novo num momento de prazer renovado.

As lágrimas que me caem pelo rosto são de solidão, não da alma, apenas de crença nas pequenas coisas que dão prazer, num herdeiro para um mundo de egos gordos, de estupidez... vale a pena pensar no futuro se o presente é vazio de sentido?

Não quero que me perguntem se estou mal, sou humano e tenho saudades de braços, mãos suaves, que me afaguem a alma que o corpo restará inerte, até se transformar em pó. Mas enquanto isso não acontecer quero dar todo o amor que tenho para dar e apenas ter alguém que o mereça receber.

Tenho saudades do que nunca tive, do que tenho e não quero continuar a ter, meras dicotomias que me assombram a simples vida que procuro.

A felicidade é uma mera ilusão que fingimos ser possível nos raros momentos que a morte nos concede entre cada encarnação...

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