sexta-feira, 19 de março de 2010

imaginar a felicidade

1.

e ainda que acredites
voes sem medo de te despenhares
em sonhos compostos de rotina
e realidades desfeitas de ansiedade
aceita a vida que te acompanha
em abruptas tentações de pecado
desejado e para sempre ansiado
não te componhas de morte
nem cedas ao fugaz momento da sorte
avista as ondas mais altas
afoga-te mas com dignidade
resiste para viveres mais forte

2.

os olhos teimam em não fechar
as olheiras profundas de tanto esgar
alcoolizado mas sem agudizar
os males do mundo
no fundo de um recanto
sujo e sem paz
ainda assim capaz de um grito
um sorriso
uma esperança infinita de festejar
o simples respirar

3.

deixa-te dominar pelos nervos
pelo assédio constante das cores
odores e amores
tudo o que te faça feliz
mesmo que depois velho
a cair de podre
gordo que nem um abade
imagina-te vivo
esquece as rotinas
e grita como nunca gritaste
espalha memórias
que te façam querer viver!

4.

mesmo que os sons te enfureçam
e a missa do domingo mera ilusão
sem crença e desejo
sexo sem prazer
sem ser para procriar
desvia-te do bom caminho
cospe esse veneno
digladia o politicamente correcto
que nos matará a todos
sem que depois reste alguma memória

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