domingo, 7 de novembro de 2010

vibrante no céu aberto

1.
sabes não há tempo
para ver o Sol
as letras pequenas
dos contratos
tudo me ocupa espaço
e o coração
depois pára
e como pagar
as multas
os desvarios
as temperanças
de quem precisa
de mim de ti e então
desculpa lá
o meu silêncio
a demência dos dias
de chuva e o incenso
para afastar os fantasmas
só frustração...


2.
o céu inclinado
sobre as bestas
afogadas
na aberta sensação
de cheiro a merda
talvez amanhã
que hoje não há tempo
não há buraco
não tapo
não há rabo
não há trapo
que limpe
o esgoto
vibrante
no teu ventre aberto...



3.
para tu veres
os passos
as anchovas
a vinte e tal
por cento
e centos de contos
pelo ralo abaixo
e mostra-me essa realidade
do amanhã
das criancinhas aos saltos
no vazio
e as anchovas
a vinte e tal por cento



4.
por certo
o assalto
das bolsas furadas
sempre as mesmas enxurradas
se abraçam
ao fantasma
que vive sempre ali
agarrado ao teu nada
vibra
vibra doido
e tu até sorris
sabe-te bem
nem sabes o quê...

Sem comentários: