quarta-feira, 19 de março de 2008

012 Rápidos sorrisos



Ecce Homo ("Eis o homem"!), Pôncio Pilatos ao apresentar Jesus Cristo aos judeus. Obra do pintor italiano Antonio Ciseri (1821-1891)



Parece que há sempre motivos comerciais para aproveitar qualquer tipo de festividades. A corja de malandros está aí todos os anos.

Os anúncios a bonecos, jogos, as famílias unidas lembram acontecimentos como o nascimento do menino Jesus, há muitos anos, tantos que já ninguém tem a noção que ele foi um homem.

Sabem quantos têm dentro de si a mensagem original do homem por excelência que era Jesus? Parece que há por aí alguns, porventura vilipendiados na sua incúria e desatenção. O mundo é competitivo demais para os idealistas, para os que apenas tratam bem o próximo.

Na era da lama em que se incutem nos espíritos dos que vivem, acreditando porque sim, sem sentir, confunde ouvir dizer que o Natal, por exemplo, é um embuste, uma verdadeira afronta aos ideais que o Homem Jesus apregoava. Se depois descansam no seu comodismo para quê queixarem-se? Não têm esse direito.

E depois alguém há-de aproveitar para me oferecer uma bíblia, talvez o Alcorão para aprender a usar a minha radicalidade de outra forma. E eu sigo o caminho de sempre, nem o Dalai Lama eu paro para ouvir, tal como os ministros que se afastam por motivos puramente comerciais.

Permitam-me dizer-vos que até sei algumas partes da bíblia de cor e entendo que quem a domina na perfeição apenas causa miséria neste mundo. Nem Jesus, nem a Madre Teresa de Calcutá ou tantos outros desconhecidos que fizeram o bem pelo mundo viveram na sombra que um Vaticano vive e faz viver o mundo. Iluminam a sua soberba, fazendo descer o mundo às trevas mais inimagináveis. Ah, em nome de Jesus Cristo, em chagas, em dor absoluta: ‘Pai, perdoa-lhes que eles não sabe o que fazem’. E o ser humano foi-se desenvolvendo rumo à perdição. Se o Pai usasse a sua ira para aplacar a ignorância humana, criada à sua imagem, talvez o mundo fosse melhor. Mas a lenda não é suposto rezar assim.

Nem nada, nem ninguém me convence que um Deus que permite que o seu próprio filho morra na cruz pode ter mão na ganância infinita que grassa neste mundo onde grande parte das pessoas que nascem vão vegetar numa frustração constante da qual nunca vão ter noção ou poder de discernimento suficiente de forma a sair dela.

Esboçaria um leve sorriso no dia em que o nosso amigo invisível acabasse com a fome no mundo, evaporasse os diamantes de sangue, a febre dos escravos reais e encapotados, a pedofilia, a violência contra quem quer que seja e tantas outras coisas más que fazem tanta gente válida abster-se de pensar numa vida melhor, de ao menos ter pensamentos positivos.

Não imagino mais do que o esboço de um sorriso, porque por azar Jesus veio ao mundo durante o Império Romano e pior que tudo foi traído pelos seus. Mas a desculpa é sempre o inimigo invisível, tinha-me esquecido do anjo deserdado...

Mas eu amo a imagem que me transmitiram de Jesus, amo-a e quero que um dia, quando viver na minha cidade da alegria, ela faça parte dos meus dias, a toda a hora, a todo o instante!

2 comentários:

Titá disse...

De férias e com um pouco mais de tempo para visitar os espaços vizinhos, venho felicitar-te por este blog, que ainda não conhecia, e do qual gostei.
Aprecio a forma como escreves e desenhas com palavras o teu ver, sentir e pensar.
Já o adicionei e voltarei concerteza. Até lá, deixo um beijo e desejos de uma Páscoa doce, pouco comercial, mas com espirito de quem gosta de viver

O que Cintila em Mim disse...

Onde anda esse Jesus que tanto falam? Em que templo gritam em seu nome? Eu não escuto mais, pois vi a arma oculta na mão do pastor.