segunda-feira, 7 de abril de 2008

022 Os versos e o lodo


A mentira como forma simples de alcançar um desejo que apenas prejudicará aquele que não sente que a diferença no lucro substancial, não é pecado, apenas serve para revigorar o coração.

As ruas estão cheias de pessoas que têm planos de vida aos quais se dedicam sem pensar na dor alheia, apenas porque o seu umbigo se torna, de repente, moldado a safiras e rubis.

Aniquilam-se vontades de harmonia e tranquilidade na fúria de conseguir alcançar objectivos que apenas servem um certo momento da vida, sobrando como parte infima de um bolo carregado das amarguras da vida fútil.

Queria poder pegar nas palavras e limpá-las do lodo que teima em agarrar-se-lhes. Juntá-las e versejar em voz alta na intimidade de almas aquecidas para esse tipo de amor, excessivo, estimulante, agradecido!

Quantas são as vezes em que nos deixamos levar pelas nuvens baixas que quase tocam a terra abandonando a tranquila suspensão aérea para se dispersarem na terra que muitas vezes nem chega a humedecer?

Quisera pegar nas mãos, juntá-las a uma caneta, um pedaço de papel menos sujo e de olhos bem fechados escrever, assim, sem pensar, sem a lúcida tentação de visitar uma rima no lugar certo, uma sílaba transpirada no desejo correcto de vibrar.

Apenas separar os versos do lodo e transcrever a límpida sensação de voar na vida simples, sem muitas complicações!

(escrito em 20-02-2008)

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