quinta-feira, 10 de abril de 2008

028 Os últimos dias de loucura





Batiam palmas de forma anárquica, como que a querer dizer que a organização dos sentidos era coisa fascizante, castradora dos momentos de glória intensa, que faziam rir, houvesse ou não piada que permitisse engrandecer a vida.

A manifestação ia engrossando até ao ponto em que alguns já nem teriam os pés no chão, nem as órbitas devidamente localizadas. Talvez a melhor forma de viver fosse a loucura. E então desatavam-se a rir, de tal forma desvairada que por vezes se viam objectos cortantes a desbravar caminho para fora dos pulmões que deixaram de aguentar tanto homícidio qualificado em forma de poluição apenas maçadora, talvez nem chegasse a tempo de ultimar um cancro maligno.

A polícia chegara, entretanto, com alguns artefactos que permitiam fazer ver o bem da ordem, o significado das leis e sua sábia transposição para a realidade. Talvez fosse algo arrogante para não dizer petulante este novo desafio em fronteiras de anseios e devaneios em quantidade biológica.

E os humanos saíriam livres, por fim!


Acompanhante musical: New Order - Primitive Notion

1 comentário:

Titá disse...

Eu continuo a vir aqui, ler, sentir, fico por aqui um pouco, sem fazer barulho, para não incomodar, mas há momentos em que tenho mesmo que dizer que tu escreves de forma genial.