quinta-feira, 17 de abril de 2008

029 A vontade



As condições mudaram, houve que acabar, seguir um novo rumo, procurar novos horizontes.

Nem sempre é tão simples, tão complexa é a mente humana, mas por vezes há que abdicar do conforto cómodo e medroso para que o futuro traga algo melhor.

No fundo nunca chegou a haver rancor, a vida seguiu, cumpriram-se desejos, apenas um gosto amargo ficou na alma.

Tudo foi tão pacífico e correu tão bem, que parece nem ter havido uma relação, quanto mais que ela se quebrou.

O que antes era desgosto, falta de confiança, foi substituído, subtraído à própria existência. O pouco que restou permite algo que se vai revelando insatisfatório.

A solidão amansou as discussões, os novos caminhos trilhados, mesmo os novos amigos conquistados modificaram uma vida gasta à procura de mudar o que não tem como ser mudado.

Não é possível esquecer, antes convém lembrar, para que numa nova relação tudo corra melhor, os dois funcionem como um. Que o desejo seja mais forte que as discussões mesquinhas e desnecessárias. É ver do que é feito o presente para ter vontade de dar um pontapé definitivo nesse passado.

É preciso querer ultrapassar, querer falar, deixar de pensar num futuro a sós. Arranjar planos para falta de combate, apenas ter uma companhia.

E se tudo correr mal de novo então que o remorso não domine. A consciência tem que estar tranquila.

Uma vida assim com remorsos é de uma amargura sem fim, provoca falta de vontade de partilhar a alma com outrem, de permitir que a felicidade entre.

Há que criar novas condições, mas para isso é preciso abrir a alma ao amor, deixar fugir os complexos, defeitos, tudo o que faça a vida passar ao lado e celebrar o amor
com a cara metade.

O que faz falta é amor e tesão na vida das pessoas...

12-07-2004


Acompanhante musical: Rented Rooms [Tindersticks]

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