quarta-feira, 18 de março de 2009

071 Doces olhos


As manhãs passadas naquela rua que fervilhava de gente saída de todos os lados como se fugissem do abismo, eram apenas para tentar cruzar de novo os meus olhos com os teus.

Aquele breve minuto em que desafiamos a lei da gravidade parando sem saber o porquê, continham todas as respostas do que havíamos perguntado ao Senhor e às quais nunca receberamos sinais perceptíveis.

Sem mais nem menos o destino pôs-nos frente a frente sem que pudéssemos reagir à tranquilidade que nos era incutida naquele breve momento. Cheguei a pensar ter sido um sonho bonito aquele breve flash de glória e que quando nos voltássemos a encontrar apenas sobreviesse a leve sensação de conhecer aquela cara de algum lado.

Mas o destino quis que a mensagem transmitida através dos olhos se tornasse imortal e quando um outro dia nos voltamos a encontrar, precisamente no mesmo sítio, a cerca de 1.503 km e 17 metros da Torre Eiffell, numa fronteira de alguma província espanhola, dos teus doces olhos contemplei o mesmo brilho e como se fosse o néctar dos deuses a surtir o seu efeito, ao sentir a tua boca mexer como que tive a mesma percepção e cumprimentei-te, aliás fizemo-lo espontaneamente.

Tudo o que se seguiu depois mesmo sem ser naquele estado de graça efémero que se tinha repetido sem previsão, foi a história de um amor encantado, por vezes aziago, muitas vezes endiabrado. Juramos amor eterno no dia das trocas de alianças a cerca de 17 metros da Torre Eiffell e sempre chovia com abundância para ficarmos abençoados!

Acompanhante musical: Portishead - Western eyes

Sem comentários: