domingo, 7 de fevereiro de 2010

094 Deixa-me penetrar em ti


Encontrei um mundo fechado a cadeado e até um pouco enferrujado. Como podia sequer tentar entrar se também não disponibilizava os cartões de acesso com códigos de fácil processo?

Apenas quis saber como estavas sem convocar o Sócrates ou o dissertar Pessoano, as ligas de rendas e um beijo alucinado. Mas tinha que te esconder debaixo desse vestido, já gasto de ser tão despido, carregado de tanto ADN diferente que nem sei se alguma vez podíamos saber a quem poderia pertencer.

Tentei pôr a tua alma nua, sem que a detivesses ou o destino se sobrepusesse, mas tinhas que amputar o raio do desejo, num erudito e sensato cortejo onde desfilavam aqueles lugares comuns que me causam tanto bocejo.

E mesmo nos dias de glória que até me levam a contar esta história, avivo a memória e acontece o inesperado, em puro berro desvairado e as comportas que cedem sem que as linhas concretas que medem as lições aprendidas nos porões, em puro contacto de tesão, sujo e duro como pede a ocasião, penetro em ti em sonhos em que todos vão a banhos, em orgia comandada por uma tia de chicote na mão e laçarote em forma de coração. Assumes o comando e alivias a sombria tentação, nem sempre de acordo com a tradição.

06-06-2008

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