domingo, 14 de fevereiro de 2010

096 Os beijos mais ardentes


A lição começou da melhor forma, apesar das diferenças linguísticas e do potencial preconceito de ser estrangeiro.

Os seus olhos verdes e o cabelo louro, encaixados num sorriso de catraia sublimavam a vontade de contemplar os gestos insinuantes que fazia com a boca. Por vezes apesar das suas palavras em tons perfeitamente audíveis, o silêncio sobrepunha-se para melhor consumir o calor que lhe subia pelo corpo acima, apenas por lhe contemplar os gestos feitos com a boca. Uma boca que pronunciava os beijos mais ardentes. E ainda olhava com mais atenção para o piercing que tinha entre os lábios sem que se sobrepusesse qualquer tipo de preconceito absurdo que depois levasse ao arrependimento.

Após os primeiros quilómetros houve a necessidade de se ajeitar a sua posição dentro do veículo e, ignorando a risível tendência de não querer que olhassem para a sua cara, desviou o seu olhar para os olhos verdes, enquanto os lábios se encontravam à mesma altura, como que em sintonia para um decisivo encontro carnal de beijos, que decerto os fariam embrenhar-se no laboratório existente naquele sítio, um pouco atrás de algumas árvores que provavelmente tapavam a falta de intimidade que talvez se fosse apoderar deles daí a uns minutos.

Soube-lhe bem absorver aquele ar de candura, talvez insolente num ser com metade da sua idade, talvez com a mesma capacidade de entendimento e de inteligência, porventura superior.

Imaginou-se a dar o beijo mais louco da sua vida!

13-06-2008

Sem comentários: