segunda-feira, 3 de maio de 2010

105 Fazer explodir a madrugada

fonte da foto: aqui

O corpo encharca-se em suor, antes da saída para os confins da rua onde alguns jovens movimentam o corpo, como se em pose de contorcionista pudessem expulsar os demónios alojados desde a última encarnação. Apenas é preciso manter a calma e aceitar o destino em movimento para algo que não dá prazer.

Ao redor pessoas bem-dispostas que apenas tentam soltar um sorriso enquanto bebem doses industriais de uma  energia artificial que já não provoca a irracional aceleração do coração. Ao lado apenas a vontade de silêncio, porventura a morte, para abraçar outro tipo de existência, porventura com os resquícios medonhos de algum fantasma que se vai libertando em sonhos indecifráveis.

Entretanto a noite vai aquecendo sem que o sexo siga o mesmo caminho, porventura pela contrariedade provocadora, lamentavelmente com indiferença.

É ponto assente que mover o corpo ao som de música aos berros liberta, diria que pouco mais que a saúde dos tímpanos. Então acabam-se os sorrisos, o que causará alguma estranheza, porém é apenas egoísmo.

A noite torna-se insuportavelmente quente e nem os corpos à beira da decomposição espontânea são motivo para querer continuar nas provocatórias sessões de convívio, sem tesão.

Todavia, lá longe, aqui dentro do coração, algo faz explodir a madrugada, incendiando um coração endurecido pela solidão. O stress desaparece, como se a cura para todos os males fosse uma receita composta em exclusivo por doses brutais de sedução seguida de sexo desenfreado.

06-07-2008

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