terça-feira, 4 de maio de 2010

como um farol num mar desconhecido

1.
nada de fácil
vizinhos indiferentes
chuva que inunda
olhos que abundam
mas nada se faz
as esperanças afogam-se
ainda assim viver
opção e reconstrução
a partir das cinzas espalhadas
dos desgostos apreciados
nos sorrisos alheios
confortados na desgraça
de viver de cabeça baixa
num esgoto nauseabundo
quando queres é gritar
espernear e sair
e até o consegues
sim, tu lutas e SAIS
contra tudo e contra todas
as tempestades
e as verdades alheias
que não têm que ser a lei
imposta sempre à força



2.
nada no caminho
inúteis sensações
casais em carros humedecidos
no calor de um amor reprimido
polícias que se masturbam
e atiçam o bastão
em nome da moral
do desconhecido momento
em que partem rumo
ao merecido esquecimento



3.
a perfeita simetria
essa coisa da perfeição
vamos fumar um charro
destruir a suprema tentação
viver sem governo
rumo ao mar
que nos desoriente
ao sufoco de ter
ao mero sorriso de possuir
sem ter de prestar contas

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