segunda-feira, 7 de abril de 2008

023 Maré viva




Saímos já tarde da ilha, de braços estendidos para o mar. Sorríamos felizes, pelo cansaço, pela descoberta de novos caminhos percorridos em silêncio.

Todavia, as marés que nos cercavam a alma eram outras e a vontade de nos termos ofuscava toda a espuma formada pela violência das ondas contra as rochas à beira da ilha.

Fomos na prôa como que a querer imitar os amantes que se perderiam no oceano imenso onde jaz submerso o inesquecível túmulo marítimo chamado Titanic.

Encostamos a vontade de amor ao vento forte que uivava cada vez mais alto, fazendo o pequeno barco oscilar um pouco mais do que o que esperaríamos. E apesar da tua presença dinamitadora, por vezes tranquilizadora, consegui ter náuseas, talvez um pouco de medo, afinal estavamos em pleno mar alto e não tinha vontade de ir descobrir os mistérios que jaziam no fundo do Oceano, em terras longínquas, onde por falta de terem o que fazer inventaram um dia a democracia.

Quem sabe se nos pusessemos quietinhos o barco não se virasse, mas à cabeça apenas me veio o desejo de te abraçar, junto com o mar e irmos viver junto com os golfinhos e tubarões, as fanecas e os mexilhões. Irónico não?

Oh! Talvez fosse um sonho tolo, mas ficava lá nos mares distantes, no fundo do Oceano temido, na eterna companhia da tua formosa figura.

E no meio de um beijo enlouquecido, de sexos aquecidos pela tempestade , avistou-se um porto de abrigo, onde descansaríamos, aguardando serenamente a mãe de todas a tempestades, calmamente avistada lá ao fundo e da qual não íriamos fugir.

E devorei com sofreguidão a mensagem que saía dos teus olhos cor de mel e beijei-te, fomos felizes naquele momento fugaz das nossas vidas!

3 comentários:

Titá disse...

Já estou por aqui há algum tempo, a ler-te,perceber, sentir. Nem sei que te diga: a tua escrita é genial, impressionante, dura mas reconfortantemente franca.
deixo-te um beijo...não triste, mas sorridente

Titá disse...

Oh Manuel Parabéns! Parabéns!
Já sabia que faziamos anos no mesmo mês, mas não imaginei que fosse com um dia de diferença.

Eu conheço o aroma do jasmim ao anoitecer.Sei o que me queres dizer, mas eu digo-te que, senão tiver jasmim à mão num momento de desfalecimento, bastará relembrar frases tua que já li por aqui, ou somente comentários que já me fizeste, ou até a força, que sem saber e sem quereres, me foste dando através de palavras nos últimos tempos...também elas são muito estimulantes e acredita que se não fosse por elas eu já teria desistido dos blogues.

Não há dúvida que se comemorou ontem um dia muito especial...que nos ofereceu um ser humano extraordinário, uma alma encantadora e um escritor genial.Parabéns Manuel e um beijo de felicidades

O que Cintila em Mim disse...

S.O.S - Alguém mais te chama neste mar sem fim.
Vejo aqui, um capitão a navegar sob o teclado que as vezes ancora nos mares do coraação.