Já não a vejo há alguns anos.
A memória mais abrasiva foi a daquela noite mesmo por baixo da Lua Cheia em que nós, vestidos apenas com o luar nos entregamos à paixão desenfreada que nos consumia havia muito tempo.
Amamos-nos até a vontade se esvair e sermos tomados pelo aroma fresco da terra que amenizava a humidade da madrugada num Verão daqueles em que o calor parecia aumentar a cada instante que passava.
As saudades tenho-as da Lua e do efeito que, ainda hoje, dá às memórias do que tivemos e que o tempo teima em não apagar.
Olho para o Céu e lá bem em cima uma estrela sorri, guardando para si o segredo submerso nas nossas memórias de desejo.
É certo que é de dia e que no outro lado do mundo, neste mesmo instante, dois seres hão-de amar-se da mesma maneira, com o mesmo desejo, em comunhão com a natureza, em contacto com a mística inconfundível que só a terra conseguirá difundir entre esses dois amantes.
Sinto-me em paz, sem sequer pensar que há algum motivo para me suicidar.
Feliz, mesmo sabendo que o pudor das pessoas afasta o amor em prol da solidão.
Acompanhante musical: New Order - Regret
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