domingo, 16 de novembro de 2008

048 E há venenos

Por vezes sobrepõe-se a vontade de homenagear alguém em vida, com vida, convidando os amigos e expondo os abrigos secretos de desejos incandescentes, pura ilusão tantas vezes feita com a simples vontade de arrancar um sorriso.

Por vezes somos presenteados com açúcar, daquele verdadeiro, num apeadeiro, sempre o primeiro a levar um valente pontapé no traseiro, apenas porque desconfiamos.

Por vezes somos absolutamente chacinados, esquartejados e lançados nas trevas infinitas pelos arautos da mais nojenta e perversa mediocridade. Assim o coração vai batendo em agonia crescente de feridas infames permanentemente remexidas nas ressequidas vontades de obliterar a solidão, sem tesão, apenas masturbação e colchões sujos.

Somos a sociedade dos medíocres renascidos, em que uma mera sensação de partilha do bem é motivo da mais inenarrável inveja, produto mesquinho da mente.



Acompanhante musical: Katie Melua - The Closest Thing to Crazy

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