domingo, 30 de novembro de 2008

049 Mordemos as palavras


O dia a dia é passado em frenéticas mentiras compulsivas, alegremente permitidas, sendo elevadas a verdade por decreto apenas porque interessa que assim seja.


Não há volta a dar e os meios que temos para viver têm que ignorar esse pressuposto, sob pena de agonizarmos e o tempo tomar toda a felicidade que procuramos, em vão.


As palavras não podem nunca ser espontâneas ou o prevaricador sujeita-se a ser banido da doentia normalidade. E mesmo engolindo os pecados de quem nos digladia a vontade, sorrindo a quem apetece bater, elogiando quem se quer ver no fundo do poço, a alma não se agiganta porque se vive tomado pela cobardia.


Convém não esquecer que a cobardia acaba com a morte de quem a pratica e, salvo raras excepções, a alma que se liberta do corpo, para sempre (?) será esquecida. Haja então a coragem de discordar, apesar do ridiculo de ter de se tomar posição pelo simples facto de termos vontade própria.


É assim que vivemos, com a boca trancada a sete chaves pelas ideias quase sempre castradoras de alguns iluminados (as trevas em si, digo eu) que nos punem a ousadia de corrermos atrás do desejo de viver, que nos proporcionam as crises, todas propícias à loucura infinita da imobilidade.


Poderia dizer que a vida não presta e não fugiria muito da verdade, só que tudo o que temos é de tal forma ilusório e finito que urge agarrar cada momento de luz que nos trespasse o corpo e a alma.



Acompanhante musical: A view to a kill - Duran Duran

1 comentário:

maria tereza disse...

...manuel ja sabe a vida p mim nada significa...medo da morte e coisa k nao existe k bom seria k ela xegasse agora.....+ 1 artigo otimo parabens!!!