quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

051 Onde é que eu amanheço?


Quando alguém se predispõe a ajudar outrem deve ter em conta a natural ingratidão que advém das bruscas mudanças na necessidade de afectos. Não devia de ser assim. Uma das partes importantes nos actos promovidos em prol de alguém é poder receber algo em troca, de forma genuína sem obliterar o sangue derramado em defesa de problemas que acabam por se resolver com a morte.

A vida encaixa-se entre ilusões de algo a que não temos real acesso, por ser invisível, não fazer qualquer tipo de som e ainda assim nos fazer acreditar que os males que nos apoquentam são algo que vem de outras dimensões, outras vidas, porventura passadas na escuridão mais profunda da maldade infinita que assola a uns mais que a outros.

Com a certeza que não escapo a qualquer tipo de normalidade e que esta vida tem mais trevas que luz, sinto que as noites nunca chegam a acabar e que o facto de não conseguir aceder a uma vida normal terá a ver não apenas com os erros cometidos nesta como nas outras que me dizem ter vivido.

Gostava então de saber em que ponto da vida e da Terra é que eu amanheço?

A força titânica que produzo para ter uma vida normal é de tal forma absurda que quando vejo os outros a conseguirem esse pressuposto com relativa facilidade me pergunto qual será o erro, se das manhãs em que o Sol tudo ofusca e os loucos saem em bandos para a vida se saio das noites solitárias em cama de casal sem sequer me conseguir masturbar?

Acompanhante musical: Mikel Erentxun - A un minuto de ti

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