quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

052 Amor instante


Seria bom acabar com os dramas pessoais tornando reais os contos de fadas. Porém, na ânsia de querer amar quem não tem esse mesmo objectivo perde-se tempo precioso em dores do coração que apenas o vão dilacerar em cacos que nunca serão passíveis de se voltar a constituir como um todo coerente.

Será alguém tolo o suficiente para acreditar que é possível o amor mantendo incólumes as defesas naturais de cada um?

Apesar desses pressupostos, consegui criar bases suficientes para acreditar no amor à primeira 'vista'. Quer dizer nem a vista foi possível de concretizar e já ele estava devidamente instalado.

Mas há uma espécie de amor que faz estágio no ódio, talvez mesmo na indiferença ou ausência mas nunca na incoerência do que expressam os sentidos, quase sempre em exagero paranóico, doentia protecção. Ainda assim o que devia ser o principal pilar das relações humanas: a família.

Muito se convoca o amor, para que num instante, porventura amadurecido, mesmo carregado de medo se esvazie de sentido, por vezes sem que haja sentido propriamente dito.

Seria uma vida inteira de sonhos se com a capacidade natural que temos de destruir, a transformássemos em amor e actos a condizer. Talvez assim aqueles sorrisos para os quais é tão complicado arranjar motivo se tornassem um natural meio de comunhão entre pessoas aparentemente incompatíveis. Talvez assim o medo que nos consome se transformasse em amor num mero instante.

Acompanhante musical: Cat Stevens - Morning has broken

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