segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

055 A coragem é tudo


Algures na Ilha da Madeira em 2007


Entenda-se apenas como necessária a mudança de objectivos na vida. A forma como se pára o desgaste de uma vida curta, mesmo estando a olhar para rostos, corpos e desejos cansados. Louve-se a coragem quando o normal é seguir na comodidade de vidas vazias de sentido.

Sabe bem acordar de manhã e não viajar naqueles caminhos de depressão, antigas ansiedades sublimadas na vontade de desistir.

Sabe bem o cheiro que vem do rio, a ponte que se cruza todos os dias, as pessoas que nem são boas nem más, apenas providas da mesma massa que move quem não se quer deixar abater.

Poderia lá imaginar que apesar das dificuldades o sorriso se manteria incólume, quando há tão pouco tempo o o desejo era toldado pelas trevas intensas da ausência de vontade.

Dizem que o amor faz falta. Talvez para os dias em que o sexo deixe de ser uma desculpa para que tudo corra bem. Mas qual a vida que se agiganta quando nada é provido de coragem e se segue incólume à justiça, ou à falta dela?

Entenda-se apenas que o que está em questão são breves momentos de sobrevivência e que a necessidade de nos embrenharmos no miolo do seu sentido é o que nos faz falta para nos diferenciarmos da infinita estupidez que tomou de assalto as vidas de cada um. Vidas que deixaram de o ser para se constituírem meros buracos negros onde se perde qualquer motivação que os faça querer procurar por algo melhor. Talvez um mero e miserável sorriso!

escrito em 08-05-2008



Acompanhante musical: Chico Buarque - Homenagem às mães que perderam os seus filhos

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