segunda-feira, 2 de março de 2009

066 Amor de madrugada


A criança completamente desprotegida acordara sobressaltada nos braços de um desconhecido que a fazia rir, mas pouco mais, que isso de ser pai não se resume às palhaçadas de circunstância.

A mãe tinha saído com o seu melhor perfume e roupa sexy que apenas pronunciava as suas curvas sedentas do toque masculino, algo a que nunca se esquivava apesar do aparente pudor.

O desconhecido perante a pouca habilidade sublimou a repulsa óbvia do bebé que, desprotegido se revoltou contra a parvoíce pegada de a sua mãe o deixar aos cuidados de quem conhecia apenas há uns dias.

Por maior que fosse a confiança nenhum amor de circunstância se sobreporia ao amor que se deve ter por um filho, desprotegido e inocente.

Quisera acordar noutra dimensão em glória anunciada de desejo por uma qualquer mulher que tivesse algo mais que hormonas em ebulição.

Um amor de madrugada, numa viagem debaixo de chuva como se o destino fosse o fim do mundo, talvez acreditar que a vida assim dentro de um precipício negro e sem fim semeasse ventos de tempestade ancorados numa vontade desenfreada de amor e contemplação, como se o raio do mundo acabasse mesmo daí a instantes.

Mas o silêncio acabou por se sobrepor , numa solução de conhecimento sem malícia ou desgraça programada e o desdito amor de madrugada talvez tenha servido à mãe desnaturada, para saciar a vontade alucinada de um pouco de sexo, enquanto um mero desconhecido tomava o seu filho, sempre inocente e desprotegido, nos braços tão cansados.


Acompanhante musical: Niños de la calle - Patxi Andión

Sem comentários: