domingo, 15 de março de 2009
070 Amor não basta
Tantos planos em velocidade tão elevada apenas poderiam ter causado um rombo profundo na vontade, porque a extrema ansiedade aliada à falta de odores e sexo mesmo sem nexo leva ao afastamento.
E é sempre com desalento que se pede alguém em casamento, ele é aceite e depois tudo leva o vento. O castigo para o não acontecimento é o silêncio, que guarda as doçuras de uma vida plena de sentidos, dois desejos intensos de cumplicidade, vidas comodamente instaladas sem vontade de as mudar, mesmo que fosse por amor que a tudo resistiria, mesmo à fome, se um dia isso fosse necessário.
O amor não basta para ser feliz, sem o trabalho que liberta o dinheiro para se sustentarem aos dois, bons companheiros.
Houvesse espírito para a coisa, vontade de cimentar uma vontade louca de amar, mesmo que até o Sol raiar e a Lua se zangar pelos olhos abertos dias sem parar.
Mas o espírito é frágil e instável como o vento apesar das batidas metódicas do coração em ebulição e precisa do estímulo da simples e concisa vida feita de verdade, para que aprenda a sorrir ao meio-dia em cima de uma ponte em abraços a desconhecidos sem pensar em bombas relógio, apenas que o amor não basta.
E a falta de discernimento, das vantagens do desconhecido aliviam um sentimento de culpa que apenas advém da educação deficiente das massas populares, dos pedreiros e até dos doutores que nada têm que ver com a hombridade.
E mesmo que o amor não baste, preciso muito da tua companhia.
18-05-2008
Acompanhante musical: Tindersticks - Can we start again
Etiquetas:
Crónicas sem taxa moderadora
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1 comentário:
Há, como é difícilo momento de refletir o amor, passar o olhar na alma das coisas, antes de dizer, vou embora.
Boa reflexão como sempre, belo texto.
Ando sempre lendo seus escritos e sem tempo de escrever um comentário. Desculpe-me a falta de coleguismo.
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