segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
083 Há gente que não faz nada
Torna-se obsessivo pensar que há tanta gente que não faz mais nada na vida do que queixar-se. O verbo fazer apenas lhes está na língua e nem para dar prazer essa língua tem utilidade, tal o veneno que destila sem parar, contaminando tudo à sua volta.
Há gente que não faz nada enquanto o mundo vai girando à sua volta e o seu desejo se limita a olhar para o céu e a ver cair a sorte, sem lutar, esbracejar, apenas maldizer. E a vida das meninas bonitas de cabelito pintado, pintelho arrebitado, gemido desinteressado, cigarrito sujo de baton, oh por favor, essas são as que mais fazem neste mundo, quem faz companhia a velhos ricos que, como pessoas, pouca diferença têm de um monte de merda, todavia reluzente e abastecedor dos ditos tempos mortos das ditas meninas, exemplo para quem nada mais faz do que dosear o tempo entre a má língua e o sofá com excesso de pó e pipocas com bolor.
Há quem não faça a ponta de um corno e ainda assim se arrogue a dizer que pensa, não sabe muito bem porquê, determinada coisa sobre determinada pessoa, que vão à praia de Algés tomar banho e a boiar em companhia conhecida até à praia de Carcavelos em dia de mosquitos, polícias aos tiros e ku duru no chão que os pobres pretos apenas querem dançar, dar largas ao excesso de tesão.
Há gente inútil e quem se compraz em responder-lhes ainda é pior. Apenas lhes dedico o meu mais profundo desprezo, seguindo a minha vida sem olhar para trás!
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Crónicas sem taxa moderadora
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