Disse-te que tenho saudades, que há sensações que não se foram e apenas recebi o teu silêncio. Cada um tem o que merece e ambos estamos apenas a colher o vazio que semeamos.
O desejo de te tocar, te penetrar e agarrar para o resto da vida foi, em tempos, tão grande que custa olhar para este presente em que o passado planeado se está a cumprir e a falta de crença, vontade, talvez a necessidade física em que o filho tão ansiado, o amor tão anunciado e sempre adiado levaram ao egoísmo, naturalmente desencantado.
A vontade, o problema foi sempre vontade a mais e actos demasiado líricos, pouco precisos, fazendo de cada dia o dia de mais uma mentira coberta pela vontade quase ignóbil de juntar seres que tanto se amaram, tantas juras eternas fizeram, até um pedido de casamento aceite e no fim, bolas no fim a história acaba em vil indiferença sem qualquer crença que as saudades são um mero refúgio de um amor descontroladamente ansiado e talvez por isso nunca concretizado.
Bastava-nos ter ficado, em silêncio para o mundo exterior e a vida que anunciamos um ao outro tinha-se concretizado.
Tudo se esboroou com a crónica falta de paciência.
24-05-2008
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