Fonte da imagem: Jornal Pequeno
Experimenta partir da tua vida cómoda, emprego estável, rotina quase sempre previsível, solidão instalada algures no teu coração. Se tomares esse tipo de decisão talvez a ideia de aprofundar a depressão se esbata aos poucos.
Experimenta não te apaixonares por uma qualquer causa que comova tudo e todos, leva um qualquer disco do Tom Waits e tenta ouvir tudo até ao fim, antes que os americanos imponham mais uma qualquer central de tratamento de resíduos nucleares enviados através de um sofisticadíssimo túnel que atravessa todo o Atlântico até chegar aí, à tua casa.
Experimenta sair à rua quando estiver frio e a chuva não parar de cair, esqueceres-te do chapéu de chuva de propósito e seguires caminho pela floresta, apenas com a tua vontade e talvez sintas motivação de, ao te cruzares com outro companheiro de viagem, sorrires, quiçá seguirem juntos e conversarem como se fossem velhos amigos, de lendas obscuras na ponta da língua, feitos inigualados em qualquer vida presente.
Experimenta acordar a meio da noite, no mais profundo dos cansaços, na mais triste das madrugadas, silêncio pesado, talvez o fim do mundo ao lado e saíres à rua, sem medo dos carteiristas que treinam as habilidades na esquina seguinte, dos tiros cruzados ou das facas longas que te possam abreviar a capacidade de viver.
Experimenta deixar essas ideias feitas do destino e do desatino por não teres tempo para nada, verás que és dotado daquilo que apenas os vencedores da vida são: Coragem.
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