terça-feira, 19 de janeiro de 2010

087 Revoltam-se as palavras

Fonte da foto: lusitanos


Se o amor se foi, ficaram as palavras ditas, a memória do que foi bonito e agora se perfila como maldito, absurdo e a esquecer.

Se o amor não constitui a principal fonte de desejo do ser então ele multiplicar-se-á pela fúria destruidora das guerras que não diminuem a população em permanente crescimento, apenas a dotam do ódio necessário para que através de uma falsa tranquilidade se possa dominar o mundo, pelas minorias mal-intencionadas, evolução da mediocridade e da perfídia que tudo cega e destrói.

Se o amor não consegue abrandar a indiferença pelo sofrimento alheio e que ao menos depois de olharmos para o que de nós precisa, nos sintamos impelidos a movimentar a nossa influência de forma sedutora por um mundo melhor, mesmo que só beneficie um ser. Então existem as palavras que não podem calar a revolta e o contínuo abismo em que nos deixamos cair por mesquinhas tentações de melhorarmos a qualidade de vida pela destruição do que insistimos em chamar de propriedade privada.

Como sentir que algo é privado se há quem se apodere das almas, comendo e devastando memórias em alucinadas viagens pelo mais profundo desprendimento pela raça humana que apenas vai deixando de viver, em rápido caminho para o esquecimento total.

Num mundo sem humanos não haveria este vírus chamado palavra, nem o escritor, nem os seus mais do que muitos leitores em silenciosa amotinação!

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