sábado, 6 de fevereiro de 2010

089 Inquietos os meus braços

Fonte da foto: baby


Segue-se um daqueles dilemas difíceis de entender por quem não passa por eles. A vida de um ser humano com meses de vida cujo pai não quer saber dele, para nada. Ou, como às vezes se vê na televisão, aparece na hora certa dos holofotes a reclamar a guarda do seu filho, apenas porque, num determinado momento, de prazer ou pura necessidade, houve a entrada de um ávido espermatozóide dentro de um óvulo, sem pensar nas consequências posteriores ao prazer do momento.

Ganha-se afeição a um ser humano assim e transforma-se a estranheza quase em paternidade, talvez um desejo de tal forma entranhado que cresceu facilmente uma forte empatia entre os dois, outrora desconhecidos para além do óvulo e do espermatozóide.

Quando o tenho nos meus braços, o mundo inteiro e os seus conceitos bacocos desabam para não mais voltarem e fica de pé a vontade de concretizar o único sonho ainda por perseguir, ser pai.

Nos braços vazios carrego a vontade de tornar o mundo de algum ser, assim, frágil e imenso, da mais pura das belezas, da mais encantada das certezas.

Move-se a vontade de viver e de fazer nascer uma qualquer outra vida, moldá-la de forma diferente a este mundo que de tão belo se tornou atroz.

Assim cresce a inquietude, a coragem de batalhar para amar e ser amado, num bocado de paraíso apenas repleto de coisas e significados claros, simples.

30-05-2008

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