domingo, 7 de fevereiro de 2010

091 Asas de silêncio


Aprendeste o oficio do silêncio, não é que nos tenhamos falado muito mas antes havia sempre uma qualquer palavra de estímulo.

O silêncio ganhou asas e o amor, que se dizia eterno, passou ao baú das recordações.

Ainda me lembro do pedido de casamento, que aceitaste. Todavia o silêncio agora não é feito de lágrimas, nem do desejo em forma de tesão ou mero sonho de vida a dois, é um silêncio com cheiro a adeus. Entretanto que terá ficado por dizer?

Antes de ti, porventura o amor talvez viesse recheado de fissuras, partes quebradas que não conseguia consertar com eficácia, porventura por falta de atenção aos pormenores.

Depois de ti, o que já é passado, a própria vida começou a fluir e o cérebro começou a mexer, o próprio desejo de ser pai e de me imaginar a criar um filho nosso todos os dias, nós dois, passou a fazer parte dos meus dias. É um passado cujas sementes continuam no meu dia-a-dia.

Aqui neste quarto, voluntárimanete esquecido, a leste dos problemas que deixaram de ser o meu presente, olho para o céu coberto de nuvens e mesmo por cima de uma, invulgarmente parecida contigo, consigo sentir o legado que ficou do nosso amor, mesmo sem ter sido concretizado da forma natural que que sonhamos poder acontecer.

Agora que nos encontramos amiúde no silêncio, que esconde os dias dourados que tingiram os nosso dias durante tanto tempo, sentimos o valor daquilo que um dia chegamos a considerar inquebrável.

02-06-2008

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