quarta-feira, 31 de março de 2010

098 Corpos abraçados

Fonte da foto: telhado da gata


Sinto a falta do teu abraço, de afagar os teus cabelos, de beijar os teus seios.

Sinto a falta das discussões que acabavam em noites de sexo ardente, de te penetrar, de te ouvir respirar.

Sinto a falta das manhãs ensolaradas em que me acordavas, dos passeios na Serra de Sintra, da tua mão quente e aveludada.

Sinto a falta das tuas lágrimas de desejo, do sentido de protecção que só uma mulher assim tão simples pode desencantar.

Sinto a falta de andarmos de mãos dadas, dos planos insânes para o futuro, dos sorrisos ingénuos que nos povoavam.

Sinto a falta de sonhar contigo depois de fazermos amor, acordar pela manhã e sentir-te ali comigo.

Sinto a falta do teu cheiro, dos teus trejeitos de mulher, de me amares sem qualquer imposição, de me escutares de coração aberto.

Sinto a falta dos dias compridos em que o amor parecia nunca mais ter fim e as ondas à beira mar levavam as loucuras da noite.

Sinto a falta da tua alegria, mesmo que escondida, mesmo que aborrecida, mesmo que enraivecida pela minha estupidez.

Sinto a falta do amor mais puro que me envolveu, que um dia fizemos desaparecer sem sequer o querermos retomar.

Sinto a falta do teu abraço, da boca mais doce com alguma vez me cruzei, com o brilho intenso de um olhar que amotinava o meu pensar enchendo-o de alegria e bem-estar.

Sinto a falta de nunca te ter dito o quão grato estou por um passado que apesar de todos os males e bruxarias incutidas me tornou um homem e me faz acreditar que a vida é sempre algo mais que o fácil e adquirido.

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