quinta-feira, 8 de abril de 2010

100 Pulsando a solidão

Naquele dia, na casa de fados em que uma mulher disforme arranhava uns acordes de uma qualquer canção da Amália ainda só tinha olhos para ti, boas e más vontades que conseguiram sobreviver para além das tormentas que depois se seguiram, da angústia que ainda vivo. Levavas um vestido que nunca mais te vi e nesse mesmo dia ainda conseguimos render-nos ao amor físico, apesar de quase sempre nos perdermos em doses infinitas de angústia.

Hoje que já não vislumbro o brilho desses olhares, nem sequer algo para lamentar, sigo caminho por outros fados, mesmo com a solidão a bater forte no meu coração, o que não deixa de ser irónico quando tantos corações se rendem não sabem eles muito bem a quê e eu muito menos. Talvez sinta o amor piroso ou se assim é, não o sinto, não há nada de vulgar numa flor que floresce mesmo no meio do deserto.

Os instantes na vida a que dedico as sensações positivas são para te recordar o cheiro inebriante de um perfume que deixei de ser eu a respirar, sentir uma mulher, muitas mulheres, porque mais que um amor são amores que o mundo não alberga e não entenderá nunca aquilo que tenho para explicar.

Ao invés mesmo sem saber de poemas, de uma qualquer fruta amadurecida há quem siga o mesmo caminho, nas vias sinuosas do amor platónico que não leva a lado nenhum.

Estava para aqui a pensar que preciso de ir comprar uns calções e uma toalha, o tempo está bom e pede praia!

24-06-2008

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