terça-feira, 4 de maio de 2010

106 Soltar os teus seios

fui buscar a foto ao cara estranho


Senti-te presa naquela forma muito peculiar que tens de te expressar quando alguma coisa vai mal. Não se tratava de soltar alguma emoção ou de provocar tesão sem que sequer fosse preciso pensar em sexo.

Apenas se objectivava um delírio que te havia consumido muito tempo e que mais parecia um profano desvio à normalidade.

Raramente me afectavam os teus humores carregados de ironia e talvez irresponsabilidade, mas sentir o teu simples cheiro, os teus seios encostados a mim e um sorriso que me desarmava, era mais do que suficiente para me esquecer que o mundo lá fora não era propriamente o jardim da Celeste. Um pouco desse sexo ardente e o stress era uma história que parecia afectar apenas o vizinho do lado.

Mas naqueles dia de muito calor, as sombras formadas pelo teu espírito inquieto encostavam-se a mim criando um certo desconforto, nem as tuas ancas a ferverem de desejo eram motivo suficiente para me acalmar os ânimos.

Ao mesmo tempo que te tocava no meio de um qualquer delírio, assomava-se ao teu desejo um corpo a tremer, gemendo quase até dissolver-.se em sumária combustão espontânea.

E sem que saíssemos da frente um do outro e apenas o café fumegasse na chávena escaldada, os olhares incendiavam tudo em volta, mesmo na intempérie provocada pela liberdade ansiada dos teus seios de sereia desencantada num mundo de betão onde todos se encaixotam felizes enquanto a morte certa não os leva.

06-07-2008

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