quinta-feira, 6 de maio de 2010

109 Violentada e triste

fonte da foto: arrastão

Os seres diziam-se humanos, mas a fronteira esbateu-se no dia em que encontraram aquela jovem que vivia o auge dos sonhos próprios dos seus 19 anos. De corpo elegante, as maneiras educadas e na sombra apenas dormia, escondido num recanto sujo, um espírito maligno que se encarregaria de destruir o sonho de uma vida normal, baseada em simples afectos.




Há alturas em que o ser humano arde no Inferno, e os emissários do Diabo são abjectas contemplações de humanos que apenas se comprazem no mal alheio, como se o prazer fosse um mero despejar de sacos cheios de merda.

Quando a descobriram vestia algemas e apresentava diversas feridas, sobretudo na vagina, fruto de repetidas violações. Os outrora longos cabelos negros eram ilhas perdidas na cabeça, os seus dentes brilhantes transformados em sacos de pancada.

Ao prender os violadores, estes apenas prometeram que a matavam assim que pudessem. Um popular enfurecido deu uma cabeçada num dos doentes mentais. Quando este caiu no chão limitou-se a baixar-lhe as calças e a capá-lo. Perante os lancinantes gritos de dor do bandido permitiu-se que o justiceiro por mãos próprias escapasse, as hostes serenaram enquanto a jovem de 19 anos via o seu futuro em tons de negro, sempre rodeada de potentes químicos que lhe amenizariam a vontade natural de apressar a morte.

Violentada e triste assistiu à morte de um dos violadores, à prisão do justiceiro e à libertação do outro por não lhe terem lido os seus direitos no momento da detenção.

10-07-2008

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