quinta-feira, 6 de maio de 2010

110 Clandestina

A vontade escapou ao controle de Kate quando se decidiu a emigrar, largando toda a sua vida organizada. Contrariava assim toda uma história secular montada por uma família que apenas aspirava ao reconhecimento pela via material.

Os seus pais apenas lhe apresentaram a alternativa possível à presença nos tablóides abjectos que cada vez mais se constituíam  como fonte principal de leitura.

Para começar colocou um piercing na língua assim que lhe disseram que isso a tornava adepta de certos jogos sexuais que visavam sobretudo o prazer acrescido dos homens. A ideia de ver a megera da mãe a enervar-se em público pela suposta fama da sua devassa filha agradava-lhe mais do que outra coisa.

Kate arranjou um namorado que lhe fazia tudo, mas mesmo tudo o que ela lhe pedia, decidiu-se a pôr em prática as suas próprias alternativas e decidiu-se a tentar a sorte no mundo realmente obscuro da noite e do prazer descartável.

Para se precaver de possíveis chulos menos bem intencionados utilizou alguns conhecimentos do ultra-puritano pai, conceituados empresários envolvidos no mundo da prostituição e, segundo se dizia, no tráfico de mulheres vindas da América do Sul.

Pensando estar a entalá-los chantageou-os pagando com favores sexuais.

Algum tempo depois descobriu ser portadora do vírus da sida e acentuou ainda mais essa sede de destruição da sua família. Mas algo saiu mal, quando um dia foi encontrada morta com a cabeça separada do corpo.

- Notícia de última hora, o conceituado empresário John Smith é o principal suspeito da morte da sua filha Kate...

12-07-2008

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