quinta-feira, 13 de maio de 2010

ao meu recorte humano e vil

1.
...um pequeno aparte...

não, eu não tenho ódio
vontade de golpear faces
berluscunizar a minha vida
viver pesadelos de máfia
nem ir ao fim do mundo
atacar os canadianos
que matam as focas bebés
agredir os maçons
que nos roubam a reforma
ser um frustrado
ou um mero actor acagaçado
tenho sangue nas veias
a vida corre-me com força
até quando não quero saber
por isso parem-nos
façam-nos saber
que também são humanos
apesar do dinheiro
que levam na corneta
apesar dos seguranças
que têm que respeitar
apesar da prepotência!



2.
o ódio e as francas passagens
em futuros incalcináveis
demente em mente insuspeita
menos se espera
uma esfera imperfeita
esmagando concorrência
de afectos e os fetos
desejados em premência
lágrimas desditas
em pressa desmedida
corrompem o desejo
de voar sem medo de cair
apenas ódio
por desmontar
apenas virá
como a morte



3.
queria ser o perfeito
desejo de alcançar vitórias
redundantes
sem expressão
mumificação do corpo
em vida desdita
de palavras ocas
complexos planos
perdidos
em abrigos esburacados
sem nexo
ou sexo sem prazer



4.
apenas alguém
lá por ti
no vazio dos olhos
apesar das lágrimas
da alma em convulsão
a vida numa perfeita confusão



escrito entre 16-12-2009 e 19-01-2010

1 comentário:

ANA PAULA disse...

Claro que não tem ódio, mas poderia escrever sobre o ódio. Nem todos têm esse dom...eu não tenho. Como diz um amigo meu, só poderá escrever sobre o ódio, quem está muito bem resolvido consigo próprio. Penso que o meu amigo estará muito próximo disso, porque aceitarmos as nossas fraquezas já é um enorme passo para o auto-conhecimento.
Gostei muito....parabéns!!!