terça-feira, 24 de agosto de 2010

somos sombras de quem somos

1.
tinhas aqueles sonhos
e bebeste em homenagem
até cair e voltar a cair
e caiste tantas vezes
que já não te levantas
e no vazio das propostas
ficas quieto
como se já tivesses morrido


2.
o amor agora é a cores
sem corpo
ou a foder sem cara
e depois
adeus que já fui
e mesmo casados
depois divórcio
adeus que já fui
nada resta para recordar



3.
debaixo desse pano
nem lágrimas
a cara tapada
os olhos fechados
sem obrigação
desejo para contemplar
o tesão que me provocas
e depois lhes digo
que és tão ou mais mulher que elas



4.
lembras-te dos sonhos
os planos e os ciúmes que te afligiam
e esquecias as outras
por amor, porventura dor
mas tudo seguia incólume
e hoje nem memória
devolveu-se tudo
ao fosso mais fundo do inferno



5.
lembras-te dos sonhos
os planos arrojados
amor eterno
filhos e netos
riscos e seres perfeitos
hoje apenas
esquecimento
no mais fundo
dos fossos do inferno



Março de 2010

Sem comentários: